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Mostrando postagens de março, 2018

Café

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Fim da primeira xícara de café que tomo na vida (desde que aprendi a dizer não). Eu não bebo café. Tinha também o péssimo hábito de me esquecer de oferecer aos visitantes. Erro em nossas terras. Não se preocupem. Juro que me esforço para não cometer mais a gafe... Por mãos generosas, ganhamos diversos utensílios para fazer diferentes versões da bebida, que agora faz parte da rotina do lar nos encontros esporádicos. E hoje, por que não um meu? Feito. Sem açúcar. É desta forma que me encanto com os chás. Meu corpo ficou arrepiado. "Nesta idade arrepio não é mais de frio", me disse um primo em certeiro dia. Meu hálito fez-me lembrar da minha mãe nas tardes passadas dos finais de semana. Os lábios, sentidos com a ponta da língua, me levaram até os jovens suecos nas noites e cais, com as bocas ressecadas pelas drogas. Intenso, curto, amargo, seco. Quanto ao futuro, seria possível tirar daí alguma previsão?

No mar

Cai a noite, sobem as estrelas. Segue cautelosamente em mar aberto. Canta a música da partida e do medo. Um misto de saudade e vontade. Não lhe bastam as árvores, nem a umidade por entre os pés na madeira fina, ou o balançar hipnótico das ondas pelo seu corpo. Os olhos se perdem no horizonte. Quer abrir caminhos que não deixam marcas, saciar a fome de sal, desvendar segredos profundos. Vai pelas águas. Água. No mar. Águas. Terra! Ele clama. Preciso! Já não há. Está todo tomado. Nas suas veias. No suor que escorre. Na saliva aquecida. Na extensão de si. Tudo é água. Assim, não ficou lá, nem cá. Desfez-se em lágrimas durante a travessia.